A secretária pessoal de Nelson Mandela esteve no Brasil neste mês de outubro para contar para secretárias e secretários sua experiência em trabalhar diretamente com o maior líder ativista antiapartheid por quase 20 anos

Por Gislene Madarazo e Viviane Barbosa

Em tempos de tanta intolerância, ódio e racismo nas redes e nas ruas, os profissionais do secretariado tiveram a oportunidade de ouvir as experiências e dicas profissionais de Zelda La Grange, assistente pessoal de Nelson Mandela por 19 anos. Zelda, chamada “sombra branca” de Mandela, foi uma das principais palestrantes do COINS 2019, o Congresso Internacional do Secretariado, realizado de 17 a 19 de outubro passado, no Maksoud Plaza Hotel em São Paulo.

“Eu era um criança e menina racista, só entendia a linguagem do opressor. Minha visão de mundo mudou depois que trabalhei com Mandela”, conta Zelda para uma plateia de mais de 300 pessoas, a maioria vinda de vários estados brasileiros mais uma delegação de Angola.

Zelda tinha 24 anos quando começou a trabalhar com o líder sul-africano e o acompanhou por mais de 19 anos. A convivência com Madiba mudou sua a vida e suas ideias. Das muitas lições aprendidas, ela destaca uma: “o respeito ao ser humano, a todo ser humano independente de raça, cor, gênero ou ideologia, o respeito deve estar acima de tudo. Aprendi com ele a respeitar a diversidade”, pontuou.

Branca, alta e olhos claros, Zelda La Grange representava no governo Mandela a parcela branca da sociedade sul-africana. Ela percebeu isso na primeira viagem que fez ao lado do presidente, também a primeira vez que saiu da África do Sul, quando integrou a comitiva presidencial ao Japão. “Mandela fez questão de apresentar todos ao imperador japonês, inclusive a mim, o cargo mais baixo da comitiva”, conta. Nesse momento ela compreendeu seu papel naquela comitiva: mostrar ao mundo que todos os povos da África do Sul estevam representados no governo de Mandela, inclusive os brancos, os inimigos, aqueles que o maltrataram tanto nos 27 anos em que esteve na prisão.

Histórias como essa estão no livro “Bom dia, Sr. Mandela”, lançado por Zelda em 2014. A publicação estava à venda no evento e praticamente esgotou após a palestra.

Avanço conservador

Questionada sobre a atual onda de conservadorismo no mundo e a influência das redes sociais na disseminação do ódio e do racismo, Zelda foi enfática: “Deveríamos seguir o exemplo de Mandela e não permitir que aconteça novamente a segregação que houve na África do Sul. É importante a história terminar aí, temos que ter harmonia entre as pessoas; temos que usar as ferramentas da tecnologia para tornar o mundo melhor e cada um de nós assumir sua responsabilidade”. E prosseguiu: “A mudança começa comigo!”.

Aos secretários, ela aconselhou a atualização profissional, sem esquecer da integridade e principalmente da ética: “Para evoluirmos e fazer um bom trabalho é preciso evoluir também como ser humano”.

Em relação ao Brasil, Zelda diz saber que o povo brasileiro, através do ex-presidente Lula, reverencia Mandela, mas acredita que é preciso aprender com o exemplo do líder sul-africano e com o que aconteceu na África do Sul. “Antes de partir para guerra, busquem um entendimento mais humano. Cobrem dos governantes para que conversem entre si e busquem o entendimento. Cobrem de seus governantes para que sejam coerentes. Para fazer a mudança precisa haver a união. Mandela acreditava na cidadania ativa, ou seja: nenhum governo sozinho fará a mudança, mas sim todos os seres humanos”, pontuou.

Sobre a Campana Lula Livre, Zelda preferiu não se manifestar. “Não me sinto confortável em falar dessa campanha. Para mim, não é correto um estrangeiro falar sobre a política local de um país”.

Mais informações, fotos, vídeos e entrevistas podem ser solicitadas a Assessoria de Imprensa.

Gislene Madarazo e Viviane Barbosa
Assessoria de Imprensa COINS 2019

Comente usando o Facebook