Leida Moraes – abril-2005
Profissionais Secretárias experientes, recém-formadas, ou em início de carreira, não importa, todas já sabem que “precisam entender de tudo”…. Por que será?
Para confirmar há, desde 2002, o CBO – Classificação Brasileira de Ocupações, que demonstra claramente a necessidade de compreensão de diversas áreas, como Administração, Psicologia, e outras, além da formação específica, para o bom exercício da profissão de Secretária(o).
No ano passado, o Parecer do MEC CES/CNE0102/2004, reconfirma essa necessidade quando determina que o perfil exigido pelo mercado de trabalho para qualquer profissão, deve conter…
“a- Perfil do formando/egresso/profissional – conforme o curso, o projeto pedagógico deverá orientar o currículo para um perfil profissional desejado;
“b- Competência/habilidades/atitudes.
“c- Habilitações e ênfase.
“d- Conteúdo curriculares.
“e- Organização do curso.
“f- Estágios e atividades complementares
“g- Acompanhamento e Avaliação”.
Mais precisamente no caso do profissional de secretariado o …..
“ Perfil Desejado do Formando
O curso de graduação em Secretariado Executivo se propõe formar bacharéis com sólida formação geral e humanística, com capacidade de análise, interpretação e articulação de conceitos e realidades inerentes à administração pública e privada, aptos para o domínio em outros ramos do saber (grifo nosso), desenvolvendo postura reflexiva e crítica que fomente a capacidade de gerir e administrar processos e pessoas, com observância dos níveis graduais de tomada de decisão, capazes para atuar nos níveis de comportamento microorganizacional, mesoorganizacional e macroorganizacional. O curso de graduação em Secretariado Executivo deve ensejar a formação com sólidos domínios acadêmicos, científicos e tecnológicos de seu campo de atuação, competente para assessorar a instituições em suas relações nacionais e internacionais, apto ao eficaz desempenho de múltiplas relações de acordo com as especificidades da organização,gerenciando informações e comunicações internas e externas.” (grifo nosso)
A necessidade de diversificação de formação se reforça em todo o documento, quando determina as áreas de conhecimento tanto no Projeto Pedagógico, como nas Competências e Habilidades, como na responsabilidade das faculdades e universidades, desde o início dos cursos até a conclusão do Estágio Supervisionado. (Vale à pena conhecer a íntegra desse documento nos sites do SINSESP ou da FENASSEC).
Concomitante a estes trabalhos realizados pelas entidades de classe, temos lido em jornais e revistas do País matérias sobre a necessidade, ênfase, exigência, seja lá qual nome se queira dar à interdisciplinaridade e ao sucesso de profissionais que aceitaram novos desafios que exploram de outras maneiras as próprias aptidões, potencialidades e formação acadêmica em áreas completamente distintas de sua formação original.
Há casos de engenheiros ambientais que assumiram áreas de RH, há casos de médicos que dirigem áreas de finanças, há casos de administradores que gerenciam áreas técnicas e muitos outros.
O mais interessante é que nenhuma das entrevistas demonstra o menor resquício daquela velha fala “para melhorar é preciso sair da profissão”…. Pelo contrário, todos os entrevistados, abraçaram as novas áreas como desafio, como novidade, como ampliação de horizontes.
É diferente o que ocorre na profissão de secretária e até certo ponto compreensível. Diferente porque ainda hoje se encontra profissionais secretárias(os) e às vezes até profissionais que ministram palestras para esse público, passando a falsa noção de que para melhorar de vida é necessário ser “outra coisa que não secretária(o)”. Esquecem-se que em termos salariais, apenas para se ter mais um dado concreto os salários na profissão chegam a mais de 8 mil reais, sendo o grosso remunerado entre mil e três mil reais. Salários esses nada desprezíveis, para um País como o nosso.
Compreensível, até certo ponto, porque uma outra parcela de profissionais, acostumadas que estão a “precisar saber de tudo”, não se deram conta que a profissão contém em si mesma seu próprio futuro, aliás, como reafirma o próprio CBO, o Parecer do Ministério da Educação e as últimas entrevistas publicadas sobre necessidade de formação plural para atender o mercado de trabalho.
É como se tivéssemos o doce não pudéssemos comê-lo. Foi descoberta alguma novidade? Não.
Há anos as entidades de classes, Sindicatos e Federação apregoam em todas as atividades, sejam Palestras, Cursos, Congressos, Simpósios Nacionais e Internacionais, Seminários Interestaduais, no Brasil e no Mundo, a formação generalista para que o Secretário ou a Secretária sejam capazes de administrar os diversos processos de sua área de atuação.
Vamos trocar isso em miúdos práticos e transportar para nossa profissão. É comum profissionais de secretariado atuando em bancos, hospitais, comércio, indústria, e demais áreas como empresas de advocacia, por exemplo.
Quais seriam as diferentes realidades profissionais de cada área?
Vocabulário, forma de planejamento e andamento dos processos de trabalho, atendimento, determinadas atribuições e por ai vai.
Seriam também, como conseqüência, diferentes as áreas de conhecimento exigidas, mantendo um núcleo comum que chamaríamos aqui de práticas secretariais, apenas para simplificar o exemplo.
Portanto um profissional secretário que fizesse qualquer curso de aperfeiçoamento em legislação, finanças, saúde e outras, estaria desenvolvendo assertivamente suas habilidades e atendo as necessidades empresariais de forma mais adequada.
Da mesma maneira, profissionais oriundos de outras áreas de formação, que por qualquer motivo tenham abraçado a área de secretariado também estariam melhor preparados, se fizessem um curso de Secretariado.
Como podemos observar nossa profissão, rica em oportunidades, sempre nos permitiu o que hoje se tornou novidade e desafio em outras profissões, outras áreas de conhecimento.
Caso você, que lê este artigo, esteja pensando que isso é delírio, pare e pense. Pense em você, na sua vida profissional, na sua formação, pense em suas amigas(os) secretárias(os) nas diferentes realidades das empresas nas quais atuam, nas diferentes áreas de conhecimento e em tudo o que vocês têm em comum.
Viu? Ninguém é “só secretária(o)”, não existe e nunca existiu, concretamente na vida real “para melhorar de vida eu preciso sair da profissão”. Existe sim na cabeça de cada um que está insatisfeito com o que escolheu fazer. Como os insatisfeitos costumam reclamar mais,
como as mulheres são maioria em nossa profissão, precisaremos duplicar, não, triplicar nossos esforços para demonstrar a riqueza que é ser secretária(o) e todas as oportunidades que essa profissão trás ao ser humano que a abraça e recebe com a responsabilidade que merece ser recebida.
Reflita, se você é secretária e trabalha em instituição bancária ou financeira, está apta para ser secretária em área financeira da indústria ou comércio, exportação, importação, Ong´s, seja qual for o ramo de atividade ou o porte da empresa.
Da mesma forma, se você for secretária que trabalha em hospital, está apta a trabalhar em empresas da indústria farmacêutica, ou mesmo na área de serviços em empresas de representação de laboratórios, multinacionais diversas e outras.
Se você é secretária em empresas da indústria, comércio ou serviços poderá facilmente ser empregada em instituições bancárias, finaceiras, de saúde, exportação, importação e outras.
E será sempre secretária. Por direito, por lei e principalmente por formação diversificada. É a secretária mais uma vez à frente de seu tempo.